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Asana: estabilidade e conforto em ti mesma

Quando pensas em Yoga que imagem te surge? Talvez alguém sentado a meditar? Ou, quem sabe, alguém com corpo magro e tonificado, em incríveis performances de força, equilíbrio e flexibilidade, numa imagem que viste numa qualquer rede social?

No mundo ocidental, o Yoga é facilmente associado àquilo que fazemos com o corpo. As posturas de yoga – denominadas de asana, em sânscrito – são uma das mais conhecidas técnicas do yoga. Talvez por a prática física ser a componente mais visível daquilo que se faz em cima de um tapete de yoga ou pelos inúmeros benefícios que tem, por si só, ao nível do condicionamento do corpo. Ainda assim, existem, na prática de asana, uma série de camadas que podem passar desapercebidas ao primeiro olhar.

Algumas camadas do asana

Nas aulas de yoga, a execução do asana é orientada de modo a implicar que, ao mesmo tempo, estejamos atent@s ao nosso ritmo respiratório, permaneçamos em posições que desafiam a nossa força, equilíbrio e flexibilidade, que façamos movimentos de interligação entre diferentes posturas de modo igualmente consciente. Estes distintos focos de atenção são um incontornável convite a um estado de total presença. Pois, somente com um grande nível de presença é possível fazer de cada asana uma postura firme e confortável.

Se quisermos, podemos até olhar para a prática de asana como uma meditação em movimento. Tratam-se de convites constantes a um contacto profundo com o nosso corpo e, sobretudo, com as suas limitações – e é no encontro com essas limitações que vamos iluminando lugares que talvez nem soubéssemos que precisavam de ser cuidados.

Cada asana mostra-nos exactamente onde acumulamos tensão, onde necessitamos de trabalhar a nossa flexibilidade, onde possuímos força que até podíamos desconhecer. Cada asana torna claro que a experiência do corpo físico é indissociável das experiências das restantes dimensões (física, mental, emocional, intuicional, …) de que somos feit@s.

Postura estável e confortável

No entendimento do Yoga, toda a postura estável e confortável é asana. Estejas tu deitada no chão ou de cabeça para baixo. O encontro dessa estabilidade e conforto por meio da prática de asana é algo que se treina, de forma repetida e disciplinada, em cima de um tapete de yoga. Essa repetição é muitas vezes uma espécie de conquista que nos permite integrar em nós essa mesma estabilidade e conforto.

O maior asana a conquistares na tua vida é, assim, seres tu mesm@. Alcançares o conforto, a estabilidade e a equanimidade na tua experiência é um trabalho de grande Yoga. E é um trabalho para a vida toda. Para que a existência em ti mesm@, com todas as particularidades que seres tu mesm@ implica, seja cada vez mais suave, mais amorosa, mais estável, flexível, forte e equilibrada.

O grande asana da tua vida é cumprires-te e, pelo caminho, aprenderes a reconhecer as partes mais áridas em ti, as tuas partes mais tensas, as tuas partes que mais precisam de ser vistas e acarinhadas, para que (re)conheceres e amares por inteiro. Em comunhão. Em Yoga.


Marta Vieira